Pular para o conteúdo principal

Inclusão Digital e Educação

Uma das brigas que já comprei na vida teve como ponto de partida o que se entende como a utilização da tecnologia na Educação. Nunca acreditei nas tais aulas de informática onde se ensinava o aluno a usar os programas de edição de texto, planilhas e afins pura e simplesmente. Sempre acreditei que a informática era um meio e não um fim. Usar a tecnologia para aprender e para se desenvolver como ser humano, melhorar a sua qualidade de vida e não o contrário, simplesmente aprender a usar a tecnologia e depois não saber o que fazer com ela, ou usá-la para práticas detestáveis como o bullying por exemplo.
No site de Sua Escola a 2000 por hora está publicado um texto do Professor Eduardo Chaves sobre Inclusão Digital e Educação dentro e fora do espaço escolar. O texto mostra que meu posicionamento nessa questão não é absurdo como alguns tentaram me fazer acreditar no final do ano passado.

Considero como Inclusão Digital o processo mediante o qual as pessoas obtêm acesso à tecnologia digital e se capacitam para utilizá-la de modo a promover seus interesses e desenvolver competências que resultem na melhoria da qualidade de sua vida.

Estudos recentes na área de Inclusão Digital - e tenho em mente especialmente o livro Bridging the Digital Divide: Technology, Community and Public Policy, de Lisa J. Servon (Série "The Information Age, Editora Blackwell Publishing, Oxford, UK, 2002) - têm enfatizado o fato de que a Inclusão Digital envolve basicamente três componentes, todos contemplados na definição que acabo de fornecer:

- Acesso à tecnologia digital

- Capacidade de manejar essa tecnologia do ponto de vista técnico

- Capacidade de integrar essa tecnologia nos afazeres diários

Isso significa que a velha visão da Inclusão Digital, segundo a qual, para promovê-la, bastava dar aos digitalmente excluídos acesso à tecnologia, fornecendo-lhes computadores, software e conexão com a Internet, não é mais adequada, se é que um dia foi (embora acesso, clara e evidentemente, continue a ser uma condição necessária para a Inclusão Digital).

Também não basta complementar o acesso com treinamento técnico em Windows, Office e Internet (ou softwares equivalentes) para que as pessoas aprendam a manejar tecnicamente a tecnologia (embora esse domínio técnico da tecnologia também seja uma condição necessária para a Inclusão Digital).

Esses dois componentes, acesso e manejo técnico da tecnologia, são, como assinalei, condições necessárias para a Inclusão Digital - mas nem mesmo conjuntamente se tornam condições suficientes.

Para que as pessoas não sejam excluídas dos benefícios da tecnologia digital, é preciso, além desses dois componentes, que elas adquiram a capacidade de efetivamente integrar a tecnologia em sua vida e em seus afazeres diários (profissionais e pessoais), de modo a desenvolver competências que resultem na melhoria da qualidade de sua vida (o terceiro componente).


Clique aqui para ler o texto.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Algumas considerações e um desabafo

As tecnologias digitais, extremamente versáteis, nos levam a novas perspectivas educacionais. Mas, como escreve Juana Sancho em Tecnologias para Transformar a Educação : "A facilidade de adaptação das TICs "as diferentes perspectivas sobre o ensino e a aprendizagem é que, em si mesmas, não representam um novo paradigma ou modelo pedagógico. Assim, professores e especialistas em educação tendem a adaptá-las às suas próprias crenças sobre como acontece a aprendizagem. (...) Como mostra a História da Educação, a administração e os professores costumam introduzir meios e técnicas adaptando-os à sua própria forma de entender o ensino, em vez de questionar suas crenças, muitas vezes implícitas e pouco refletidas, e tentar implantar outras formas de experiência docente." O que a autora escreve pode ser facilmente verificada quando navegamos por alguns sites educacionais: as atividades propostas nos laboratórios de informática apenas repetem as velhas atividades antes desenvolvi...

XO?? Não era 2B1?

O OLPC (One Laptop Per Child) tem sido o assunto freqüente, nesses últimos dias, em algumas listas de discussão sobre Educação. Há diversas informações sobre as especificações técnicas do laptop XO (não era 2B1? esse nome vai virar piada!) e nada sobre como os professores vão ser preparados para usar esse recurso em suas aulas. Procurei informações sobre quais são os projetos que estão sendo planejados, para a tal fase de testes, que deve começar em janeiro de 2007. No site do MEC a busca por OLPC resulta em 0 (zero!) documentos encontrados. Revirei o site e nada encontrei, nem mesmo quais são as tais escolas que vão receber os primeiros 1000 computadores para os testes que serão conduzidos pelo MEC. Achei muito estranho, principalmente porque Nicholas Negroponte afirmou que esse é "projeto educacional e não um projeto de laptop". Descobri uma pista da falta de notícias sobre material para os professores lendo um blog de notícias sobre o OLPC Brasil, o ALPHACity Brasil : (.....

Encontro da Cidadania

Participei, no último sábado do 4º Encontro da Cidadania. Alunos de diversas EIC s ( Escolas de Informática e Cidadania ) mostraram, na parte da manhã, seus trabalhos e fizeram apresentações culturais. Me emocionou o coral da EIC Direito de Ser e a apresentação dos alunos da EIC AEHA de São João da Boa Vista. Estou animada com a possibilidade de ser voluntária no CDI !