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Monteiro Lobato, Ciências e Stella

Esse é um post especial para Stella Rogê Ferreira: minha professora e modelo de educadora.
Eu era professora do Laboratório de Ciências de 1ª a 4ª série de Ensino Fundamental I. A Stella era a Coordenadora Pedagógica e fazia reuniões semanais com todas as professoras. Nessas reuniões eram discutidos os registros que havíamos feito, e entregue anteriormente, das aulas da semana anterior e os projetos que estavam sendo desenvolvidos ou que viriam a ser desenvolvidos. Uma dessas reuniões nunca vai sair da minha memória. Depois de ter discutido o meu registro, ela me disse que as professoras de 1ª série estavam trabalhando com Reinações de Narizinho e que ela queria que Ciências entrasse no projeto. Na hora eu disse a ela que não ia dar, que isso era forçar a barra da interdisciplinaridade. Ela só me disse: releia o livro e depois conversamos. Claro que relendo o livro descobri porque Ciências tinha que entrar no projeto!
Hoje li essa entrevista da pesquisadora e professora Fabiana Carvalho para o Conexão Ciência. Sua dissertação "Outros Com Textos, Traços Biológicos nas Obras de Monteiro Lobato" para o mestrado em educação pela Unicamp, foi publicada em 2002 e procura questionar a biologia como conhecimento essencial e mostrar que tanto a Literatura como a Ciência são produções culturais.
Conexão Ciência: Em que momento biologia e literatura podem se misturar?
Fabiana Carvalho: Nós poderíamos falar que biologia e literatura são produções culturais. Dessa forma as fronteiras entre elas não são tão rígidas. Ambas possuem aspecto formador, por isso eu as chamo de pedagogia cultural. São instâncias de pedagogia cultural que se relacionam; na biologia nós temos representações culturais e a própria literatura apresenta esses significados, como diferenças entre masculino e feminino. Algumas dessas representações migram da biologia para as obras literárias. Isso pode ser encontrados em textos de época, fala de autores, ações de personagens, que usam da própria biologia que incide sobre a história pra retrair ou expandir acontecimentos. Isso gera um efeito didático, de explicação para o leitor.. Ler a matéria


Enquanto lia a entrevista me lembrava da Stella, do seu valor como educadora e da importância que teve em minha formação. Resolvi também que vou continuar com minhas tentativas para convence-la a criar um blog. Quem sabe se, qualquer dia desses, não consigo que educadoras como ela, Regina Cecarelli, Ana Lúcia Camargo e Teresa Camargo topem a idéia de um blog coletivo! Seria, no mínimo, muito divertido voltar a trabalhar e "trocar figurinhas" com elas!

Comentários

Anônimo disse…
Miriam Fiquei muito emocionada com o texto. Lógico que ver o meu nome e principalmente rever um pouco da minha trajetória é envaidecedor mas como você sabe eu não sou dada a este sentimento: vaidade. Acho até que por conta disso não divulgamos tudo o que fizémos e agora, quanto tempo depois, encontramos as nossas idéias, proposta e projeto desenvolvido é tema de dissertação de mestrado.Você, que sempre foi e é competente em tudo o que fez e faz, tem sido o instrumento desta divulgação, mesmo que após alguns anos, mas que confirma um pensar de vanguarda e um fazer com visão educacional contemporâneo e competente.
Parabens e obrigada pelo texto mas principalmente pela parceria.
Stella Roge Ferreira

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